quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Dois Dedos de Conversa com: Fernando Simas

O Blogue da Comunidade Portuguesa no Chile vai publicando, de tempos a tempos, uma série de entrevistas a membros da CPC que, de uma ou outra forma, têm uma relação de proximidade com os restantes Compatriotas e com Portugal. Desejamos dar a conhecer os rostos visíveis que estão por detrás dos números e das estatísticas sobre a CPC: homens e mulheres, jovens e não tanto, portugueses e luso-descendentes que, ao escolherem o Chile para residir, mantêm Portugal "aconchegadinho" ao peito, falam o nosso idioma e são, cada um deles, testemunho da Alma Lusitana neste País.

Hoje, demos dois dedos de conversa com Fernando Simas:

Nome: Fernando Moreira Muniz Simas
Ano de chegada ao Chile: 1996
Profissão / Ocupação: Administrador de Empresas; Gerente Geral da DIL Brands
Passatempo(s) preferido(s): Família e Ski (a minha filha de 4 anos é fanática!)

BCPC: Porque veio para o Chile?
- Para abrir a filial da DIL Brands, que é uma empresa de design gráfico e industrial, fundada no Brasil em 1961.

BCPC: Quais foram as primeiras impressões?
- A primeira vez que vim ao Chile foi em 1992. Vindo do Brasil, achei um país extremamente ordenado e – por ser muito sensível ao tema por ter vindo de São Paulo – seguro.

BCPC: O que identifica, hoje, este País e o distingue dos restantes países da América Latina?
- Sinto que as reformas económicas pelas quais passou este país fazem com que ele tenha uma base de sustentação do crescimento para muitas décadas mais. Isto somado a um positivo inconformismo, no sentido de melhorar e autoafirmar-se – e a possibilidade de fazê-lo – fazem do Chile um dos poucos países que brevemente eliminará a pobreza absoluta.

BCPC: Como tem sido recebido pelos chilenos, ao nível profissional?
- Muito bem. Acho que os estrangeiros neste país têm uma situação única e privilegiada.

BCPC: Tem amigos chilenos?
- Vários, em grande medida incentivado pelos pais de amigos do colégio de minhas filhas (são 3 e chilenas).

BCPC: O que diferencia os chilenos dos portugueses?
- Acho que o espírito de novo mundo e ter uma história mais recente.

BCPC: O que nos une?
- Esta coisa portuguesa de migrar e viajar a qualquer parte do mundo para fincar uma bandeira.

BCPC: Do que gosta mais, no Chile?
- Desta mistura de grande e pequeno país, com o mais moderno mas também com o mais pacato.

BCPC: E menos?
- As filas. Sempre que estou numa fila, alguém aparece do lado e entra à minha frente com se eu fosse transparente. Isto não melhorou nos meus 12 anos aqui.

BCPC: Tem saudades de Portugal? De quê?
- Terra de meus avós e meus pais, embora eu seja nascido no Brasil. Morro de saudades dos Natais em Viana com meus tios, de Barcelos, terra de meus avós maternos, e da açorda que prepara a Celeste, empregada na casa dos meus padrinhos. A Ilha do Pico, terra de meus avós paternos, será objeto de visita no próximo Verão europeu.

BCPC: Que imagem de Portugal têm os chilenos?
- Acho que muito positiva, mas eu vejo-os muito ligados à Espanha (com razão). Portugal é aquela terra de pessoas muitos simpáticas que fica ao lado da Espanha.

BCPC: O que espera ainda realizar no Chile?
- Difícil. Tive os meus melhores momentos neste país e honestamente não posso dizer nada nem reclamar das oportunidades que me deu. Mas o próximo passo é instalar-me em Portugal.

BCPC: Quando se for embora do Chile, de que vai sentir mais saudades?
- Dos nascimentos das minhas três filhas e dos momentos de tranquilidade que passei aqui. É património do Chile.

BCPC: Que mensagem gostaria de transmitir à Comunidade Portuguesa e Luso-Descendente residente no Chile?
- Aos novos, que por favor contem comigo e com minha esposa, Sílvia, para o que necessitem para que se sintam em sua casa. Estamos à sua disposição. Aos mais antigos, que nos encontremos a tomar um vinho verde, que não sei onde encontrar por aqui...


5 sentidos... 2 corpos e 1 alma

O Chile ...

Um sabor: Cabernet Sauvignon
Uma música / som: Silêncio do meu bairro ao pé da Cordilheira
Um aroma / cheiro: Empanadas de pino
Um objecto: a chupalla (chapéu de huaso)
Uma imagem: San Pedro de Atacama; realmente algo incomparável
A personalidade (actual) que mais admira: Minha esposa; não sei de onde tira forças para me dar tanto apoio
A figura (histórica) que mais marcou o País: Allende/Pinochet, já que um não existiria sem o outro
Um lugar que nunca esquecerá: Uma “paila de huevos revueltos” que comi em casa da Sra. Copelia en La Unión, perto de Osorno; a sensação de amizade e carinho foi única.


... e Portugal ...

Um sabor: a pescada mais fresca do mundo num dos restaurantes da Ribeira, no Porto
Uma música / som: Fados de Coimbra
Um aroma / cheiro: a loja de minha tia em Viana (uma perfumaria)
Um objecto: um dente de cachalote que me deu meu avô Açoriano; é um tesouro e objeto das histórias mais fantásticas de minha infância.
Uma imagem: O Pico da Ilha do Pico; mais bonito que o Osorno (uma provocação)
A personalidade (actual) que mais admira: Alexandre Soares dos Santos, o irmão que meu pai não teve.
A figura (histórica) que mais marcou o País: Difícil por não viver lá nestes anos, mas tenho óptima imagem dos governos do Cavaco Silva.
Um lugar que nunca esqueceu: Aveiro, não pelos ovos moles mas por dois pescadores que conhecemos aí, eu e meu pai: o mais “novo” tinha 92 anos e não saiu a pescar porque o mar estava muito bravo.


O Blogue da CPC agradece a Fernando Simas a disponibilidade em dar dois dedos de conversa com a Comunidade Portuguesa no Chile!

Passamos o testemunho a...

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